Trapalhadas, rusgas, boladas, discussões.
Os primeiros encontros podem ser verdadeiras catástrofes.
Se fosse consigo, aceitava voltar a ver a mesma pessoa?
Há quem aceite e não se arrependa.
Por Vanda Marques
Imagina uma noite romântica com ladrões, armas e uma rusga policial? Foi assim que, em 2002, começou o namoro entre Pedro Nascimento e Sandra Silva, ambos com 39 anos. Ela estava de férias no Algarve e ele foi visitá-la. Durante dias, ele fantasiou um encontro inesquecível, mas a realidade foi, bem, um pouco diferente. Em vez de um jantar a dois, teve um jantar a três – Sandra estava com uma amiga. Mesmo assim, o técnico de markting não desistiu. Quando finalmente ficaram sozinhos, no carro, deu-lhe um beijo.
Ele achava que nada podia estragar aquele momento – mas voltou a enganar-se. "A Sandra começou a ficar pálida e disse-me que um homem se aproximava. "Pedro trancou as portas, mas nessa altura começaram os gritos de "mãos ao alto". Quando repararam estavam rodeados por mais de 20 policias à paisana e guardas da GNR. "Só via armas à nossa volta. A seguir, apareceram quatro carros que bloquearam o automóvel do casal. "Ficamos petrificados, sem saber o que fazer." As coisas só acalmaram quando os dois ladrões ladrões que estavam em fuga foram presos.
Encontros românticos desastrosos são mais comuns do que se imagina. E não condenam forçosamente uma relação. "O importante é não esquecer o que realmente interessa o sentimento que une as pessoas", diz a sexóloga Vânia Beliz.
Muitas pessoas alteram a sua personalidade no primeiro encontro, só para agradar
Um começo desastroso pode ser positivo? Um estudo da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, assegura que os encontros perfeitos são os mais traiçoeiros, porque muitas pessoas alteram a sua personalidade só para agradar o outro. "Os individuos que se comportam melhor nos encontros amorosos e sociais parecem ser ideais para manter uma relação, mas não é bem assim. Na verdade, acabam por se revelar os mais infelizes e avessos a compromissos", diz Michael E. Roloff, professor em Northwestern.
Sandra e Pedro conseguiram evitar o fiasco recorrendo a uma regra fundamental: lidar com o imprevisto. Ela não entrou em pânico e não o culpou por ter estacionado numa zona isolada. E ele não se armou em herói, mas transmitiu confiança. Aquela situação de grande stresse até acabou por os aproximar, mas o psicoterapeuta Vasco Soares tem outra justificação para o facto de a relação ter sobrevivido – a tranquilidade de Pedro. "É o motor para que tudo corra bem. Ninguém aprecia gente desesperada."